É muito comum falar em descrição de imagens, legenda para vídeos e suporte para teclado quando o assunto é acessibilidade digital. No entanto, uma questão igualmente importante para a acessibilidade é a escolha da fonte. Mas quais tipos de fonte são mais indicados? E que fatores tornam uma fonte mais ou menos acessível?

Para conteúdo digital, as fontes sem serifa são consideradas mais acessíveis. Uma fonte sem serifa é aquela que não possui prolongamentos nos caracteres, ou seja, são mais limpas e facilitam a distinção entre os caracteres. Já as fontes serifadas podem dificultar a leitura para quem tem baixa visão, devido aos prolongamentos, que podem dar a impressão de que um caractere está unido ao outro.

Outro fator importante para a legibilidade de um tipo de fonte é a existência ou não de caracteres ambíguos. Em alguns tipos de fonte, caracteres como o “I” (i maiúsculo) e a consoante “l” podem ser iguais, causando confusão. O mesmo ocorre com a letra “O” e o número zero (0). Em uma fonte com bom nível de acessibilidade deve ser possível distinguir facilmente os caracteres.

Na imagem abaixo, podemos ver que os caracteres “i” maiúsculo e a consoante “l” são quase idênticos nas fontes Arial e Calibri, mas apresentam boa distinção nas fontes Tahoma e Verdana. Já o “o” maiúsculo e o número zero têm um formato distinto nas quatro fontes comparadas.

A popularidade de um tipo de fonte também pode ter papel importante na acessibilidade. Uma fonte comum é sempre mais indicada, já que a probabilidade de ela estar instalada no computador do usuário é grande. Se a fonte especificada para um site não é encontrada quando o usuário acessá-lo, o seu computador substitui por uma fonte comum que ele encontra instalada. Isso pode mudar drasticamente a apresentação visual do site. Assim, é importante especificar alternativas para a fonte escolhida através das folhas de estilo (CSS).

Após escolher as fontes a serem utilizadas, é importante manter um padrão ao longo das páginas de um mesmo site, procurando, ainda, não utilizar muitos tipos de fonte em um mesmo site. O ideal é escolher uma fonte para título e outra para conteúdo e mantê-los em todas as páginas.

Outros fatores a serem considerados:

• Utilizar texto real em vez de imagens de texto. As imagens de texto são imagens, ou seja, não são lidas pelos leitores de tela e dificultam a ampliação por quem tem baixa visão.
• Garantir um bom contraste entre a fonte e o plano de fundo. Existem ferramentas gratuitas para verificar a relação de contraste, como o Accessibility Color Wheel e o Color Contrast Checker.
• Limitar o uso de texto todo em negrito.
• Evitar texto todo em itálico.
• Evitar texto todo em maiúsculo.
• Evitar texto que se move ou pisca.
• Não utilizar fonte de letra cursiva ou decorada

Ainda, existem tipos de fonte que foram criados especificamente para facilitar a leitura por pessoas com dificuldade nessa área, como é o caso da OpenDyslexic. Essa fonte apresenta caracteres com um formato diferenciado, específico para melhorar a leitura de pessoas com dislexia, já que proporciona uma maior distinção entre os caracteres, evitando causar confusão, como pode ser visto na comparação da imagem a seguir.

Dar a devida atenção ao tipo de fonte e à forma como o texto é apresentado pode garantir que um conteúdo digital tenha uma maior abrangência, sendo acessível a um grupo maior de usuários. Além disso, é sempre mais agradável para qualquer usuário visitar um site ou acessar um conteúdo digital com uma boa aparência, facilidade de visualização e legibilidade.

Para saber mais:

• An Introduction to Font Accessibility (em inglês)
• Web Accessibility in Mind – Fonts (em inglês)
• Penn State Accessibility – Font Face (em inglês)