Se por um lado os smartphones e suas telas sensíveis ao toque acabaram revolucionando a forma como interagimos com o mundo, tornando acessível uma enormidade de possibilidades (conexão com pessoas, fazer compras, realizar transações bancárias, buscar informações, ler livros, fazer cursos etc.), a falta de botões e recursos táteis dificulta o acesso às pessoas cegas, que, num primeiro momento, precisam de outras referências para desenvolver uma “imagem mental” do aparelho.

A utilização do celular por pessoas cegas ocorre por meio de ajustes e softwares de acessibilidade para cegos; contudo, nem sempre o usuário com essa deficiência consegue se adaptar rapidamente a essas plataformas, e acaba por vezes preferindo ficar sem o aparelho por receio de investir uma quantia que talvez não fosse ser bem aproveitada.

Foi pensando nisso que a equipe do Centro Tecnológico de Acessibilidade (CTA) do IFRS lançou a ideia: e se a tela do telefone pudesse ser compreendida de outra maneira, que pudesse ser conhecida por pessoas com pouca ou nenhuma visão? Assim surgiu uma possibilidade: primeiramente, foram criados protótipos com isopor, EVA e etiquetas em Braille, reproduzindo de forma tátil a tela inicial dos smartphones e, também, as telas do aplicativo Whatsapp.  Pessoas cegas participaram do processo e validaram o resultado. Posteriormente, esses protótipos foram transformados em outros mais robustos, utilizando-se placas de acrílico cortadas na máquina de corte à laser, além das etiquetas em Braille.

Essas placas acrílicas cortadas à laser procuram descrever, com a maior fidelidade possível, a posição de ícones, botões e outros itens necessários à navegabilidade. As informações textuais são apresentadas através de fitas com Braille coladas no acrílico. Essas “telas táteis” servem como facilitadores para pessoas cegas (estudantes da instituição e membros da comunidade externa) aprenderem a utilizar o celular, aliando a informação tátil às respostas sonoras transmitidas pelo leitor de tela do celular.

Os primeiros protótipos em acrílico já estão prontos e, segundo usuários cegos consultados, foram bastante eficientes para permitir conhecer um pouco melhor o aparelho que carregam, especialmente quanto à navegabilidade no sistema operacional e ao uso do whatsapp.

Foram desenvolvidas telas tanto do sistema Android quanto do iOS. Dentro dos próximos dias, um guia explicativo das telas táteis, em ambas as versões, será publicado no site do CTA. No futuro, projeta-se criar outras telas, especialmente as dos aplicativos de uso acadêmico pelo IFRS, oferecendo mais autonomia para os estudantes cegos da instituição.

• Compartilhar conteúdo:
• Facebook
• Twitter
• LinkedIn
• Pinterest
• WhatsApp